Vita et Otium

Traçando Novas Diretrizes Físico-Espaciais Articuladoras do Litoral às Serras Catarinenses

Publicado em 16 de julho de 2025

Informações do Projeto

Ano de Execução: 2010
Autoria:
Gestão:

Apresentação

Há um lugar onde a terra encontra o mar em gestos suaves, e onde o homem, em sua ânsia de habitar, molda a paisagem com pressa — por vezes, com descuido. Neste encontro entre a força da natureza e a mão que constrói, nasce o Vita et Otium: um chamado ao equilíbrio, à escuta, ao redesenho sensível da cena litorânea. Entre a vida e o repouso, o traço que reconcilia paisagens.

O projeto Vita et Otium, realizado por ampla equipe coordenada pelo Arq. Nelson Saraiva e Arq. Michel Mittmann, busca a qualificação da cena cotidiana da vida litorânea e sua propalada vocação ao ócio. Como orientadores da conversa entre paisagem natural e construída a ser desenvolvida pelos exercícios propositivos físicos-espaciais, caracterizadores do projeto, temos a importância dos conceitos de Unidade de Paisagem, Conectividade e Ecogênese.

De um lado a paisagem natural representada pela cena dos biomas Mata Atlântica e Marinho e seus ecossistemas, e de outro, a paisagem construída representada basicamente pelos assentamentos humanos rurais e urbanos interligados por diferenciadas redes modais. A costa catarinense distingue-se, segundo Ab´Saber, como segunda pontuação mais recortada de todo o litoral brasileiro conformada por trechos diferenciados da paisagem natural. Em virtude desta paisagem natural excepcional e muito atrativa, pessoas de variadas procedências, escolhem as amenidades litorâneas catarinenses para viver ou recrear, desde sua articulação viária, ao resto do país e ao tráfego internacional, com a construção da BR-101, em 1970.

Sedia hoje, nova e importante centralidade, constituída por crescente conurbação de cidades industriais, portuárias, terciárias ou, dominantemente, de verão, com também crescentes problemas ambientais, resultantes do embate entre o invulgar patrimônio natural e a cidade de pedra inventada pelo homem. A supervalorização turística de praias e enseadas forçou alguns municípios dessa fachada urbana atlântica a transformar todas as suas áreas rurais em áreas urbanas, desaparecendo, desse modo, as áreas de amortecimento representadas pela paisagem rural.

Está nas mãos dos arquitetos parte da resposta para a falta da proposição da estrutura espacial do território e da cidade, em especial daquela de caráter público, buscando a reversão do processo de falência da forma urbana enquanto mantenedora de atributos fundamentais da cidade, especialmente no que tange à forma e apropriação social dos lugares.

Cabe ao pensamento urbanístico propor o reparo: devolver forma à cidade, ritmo ao território, dignidade à vida comum. Em tempos de tanta velocidade, há sabedoria em lembrar que também o repouso é parte do viver. E que planejar o espaço é, acima de tudo, um ato de cuidado com o tempo dos outros.

Ideação e Textos: 

Nelson Saraiva 

Ideário, croquis, desenhos e imagens: 

Michel Mittmann

Enrique Hugo Brena 

Eduardo Momm 

Ítalo Marçal Schiochet 

Jardel Farias 

Maurício Holler 

Organização e Diagramação: 

Arthur Eduardo Becker Lins

Cadernos de Projeto